Constrangedor pra mim é passar na imigração. Meu passaporte está certo - não foi comprado nem falsificado, nem roubado, vencido, nem amassado está!!! Ainda na fila penso e repenso se devo abrí-lo na página da foto para ir adiantando o processo pro moço da cabine (mas porquê eu teria tanta pressa de ir entrando assim?). Aí chega a minha vez e entrego o passaporte na mão do cara. Penso em sorrir mas eles são tão formais, é melhor ser formal também. Acho que ele vai verificar se a pessoa da foto é a mesma que está parada ali na frente dele com cara de boba (mas meu cabelo era de outra cor na época da foto, será que tem problema?) e então, olho fixo pra ele. Um olhar olho-no-olho dará mais certeza de que não estou enganando ninguém. Mas na hora do olhar ele não viu porque devia estar lendo a data que vence meu passaporte e rapidamente disfarço pra não mostrar preocupação - dou uma olhadinha pro teto, só falta mesmo começar a assobiar, mas putz… ele olhou pra mim bem no momento que eu estava disfarçando! Erro fatal, será que ele percebeu que eu fiquei nervosa? Mas aí ele faz um sinal quase imperceptível com a cabeça que diz ‘pronto minha filha, vai, entra!’ Tudo isso em questão de segundos – que paranóia!
quarta-feira, 29 de novembro de 2006
Ocypode quadrata
Quando eu lembro me divirto: acho que é uma das minhas lembranças mais antigas da praia. Há muitos anos atrás, a praia de Barêqueçaba (São Sebastião – SP) era bem diferente. Na minha cabeça de criança ela era tão linda quanto `a praia vizinha – Guaecá. Na parte de cima da praia, longe do mar, onde a água quase nunca chega e começa a vegetação rasteira, tinha aquela areia branquinha e fofinha. Eu adorava caminhar por ali porquê a temperatura era mais quente, na verdade queimava o pé, só dava pra andar sem havaianas no final da tarde. Era quando eu e minha irmã virávamos caçadoras de caranguejo maria-farinha. A estratégia era a seguinte: (1) armar-se de um côco verde largado por algum turista no chão, ou melhor, dois deles; (2) ir andando e procurando buracos na areia; porém era importantíssimo olhar atentamente para diferenciar entre os buracos-de-guarda-sol x buracos-de-caranguejo-farinha; (3) depois de achar o buraco certo, esperar pacientemente por algum movimento de dentro da toca – paciência de criança tem limite um tanto curto; (4) quando o caranguejo tentar sair da toca, levantar o côco o máximo que der, mirar e acertar no caranguejo! Bem simples, bem cruel… espero não ter matado nenhum, não lembro… só sei que lá os caranguejos já eram faz tempo e não foi por que haviam muitas criancinhas cruéis matando-os com côcos. Mas em Guaecá, quando há poucas pessoas na praia, um deles ainda chega perto do pé, quando você menos espera.
sexta-feira, 24 de novembro de 2006
fla - fe - ana - fla
Um amigo de Rio Claro está passando uns dias aqui em casa, veio de Barcelona para o casamento de suas 2 amigas e flatmates. Ele me convidou para ir ao casamento também mas falei que ficava chato porque não as conhecia. Mas fomos encontrá-las em Leicester Square hoje e… nossa… parece… hum… será? Uma delas eu já conhecia! Do Pueri Domus de Aldeia da Serra, estudamos juntas na oitava série (quantos anos eu tinha? 14.) Diiireto do túúúnel do tempo. Bom, depois dessa coincidência eu irei no casamento afinal, onde vai ser mesmo? Ah… em Fulham? Conheço, claro, onde mais poderia ser?!
quinta-feira, 23 de novembro de 2006
Ilha do Cardoso - S 25°04' W 47°54'
Minha querida amiga vai passar o ano-novo na Ilha do Cardoso. Pensei: ué, mas lá não é local de trabalho? E ouvi também: sempre achei que lá era seu local de trabalho!
…comecei a lembrar … já fiz cursos e disciplinas lá; já coletei dados; subi e desci morro; ajudei um monte de gente em suas pesquisas; ajudei a abrir trilha; me perdi na floresta (que agonia – segui meus institintos e fiquei andando em círculos!?); brinquei de pique bandeira na praia; fiquei na cabana de madeira isolada com uma pessoa que pirou no meio do mato; vi jararaca; subi e desci morro; encontrei com índio bêbado; fui perseguida por uma caninãna (cobra preta e amarela, ela segue mesmo); quase precisei de um guindaste pra sair da lama até a cintura no manguezal; soltei tartaruga no mar; tomei cataia (não, não gosto tanto quanto vc amiga); dancei forró com caiçara; dancei forró com gringo; subi e desci morro; comi banana frita com o ermitão (Seu Cardoso); contei papagaio; peguei carrapato, micuim e mutuca; nadei com os botos; subi nos cercos pra ver as tainhas; subi e desci morro… ufa! … algumas pessoas sabem do que eu tô falando, é, a Ilha do Cardoso não é local de trabalho mesmo.
Um momento, por favor!
Sabe aquela hora que vc está interagindo com alguém que gosta e aí fala uma coisa sem pensar muito e a outra pessoa começa a falar também, ao mesmo tempo? Mas, ao invés de uma delas parar e ouvir, os dois ouvem e continuam falando até terminar o que iam dizer, e, surpreendentemente, os dois percebem que tiveram a mesma idéia, no mesmo momento? Mas o mais incrível é que não houve controle do impulso e a ordem de diálogo correto (um fala, o outro espera), foi-se. Tem um nome pra isso… mas claro que não lembro… bom, pra quem nunca passou por isso está perdendo!
quarta-feira, 22 de novembro de 2006
Ouvido
Fato: ‘é preciso falar mais sobre os próprios sentimentos’
Mas acabo de perceber que as pessoas, no esforço de se livrarem de coisas próprias que as incomodam, falam no meu ouvido e sentem-se aliviadas… pronto, falou! Só que pra mim não muda nada – meu ouvido acaba virando pinico. Tem coisas que é problema nosso e no fundo, não vai fazer diferença se o outro está sabendo ou não. Teoricamente sou eu mesma que vou fazer a diferença se conseguir encarar os meus fatos na lata, sem passar a bola pros outros.
Hipótese: são tantos defeitos e reclamações e coisas pra melhorar num futuro distante que nunca chega, que, ninguém, em sã consciência, agüenta ouvir a si próprio – todo mundo é surdo para a sua própria voz!
Conclusão: continuarei dando a descarga no ouvido dos outros, neste momento mesmo, no ‘ouvido’ de quem estiver lendo.
+ Angra dos Reis tem uma ilha para cada dia do ano (365) +
Mas acabo de perceber que as pessoas, no esforço de se livrarem de coisas próprias que as incomodam, falam no meu ouvido e sentem-se aliviadas… pronto, falou! Só que pra mim não muda nada – meu ouvido acaba virando pinico. Tem coisas que é problema nosso e no fundo, não vai fazer diferença se o outro está sabendo ou não. Teoricamente sou eu mesma que vou fazer a diferença se conseguir encarar os meus fatos na lata, sem passar a bola pros outros.
Hipótese: são tantos defeitos e reclamações e coisas pra melhorar num futuro distante que nunca chega, que, ninguém, em sã consciência, agüenta ouvir a si próprio – todo mundo é surdo para a sua própria voz!
Conclusão: continuarei dando a descarga no ouvido dos outros, neste momento mesmo, no ‘ouvido’ de quem estiver lendo.
+ Angra dos Reis tem uma ilha para cada dia do ano (365) +
Evidências
(1) acho que começou quando eu ainda era careca; nem sabia mas aquele morrão verde que eu via do outro lado do canal, e que vi por muitos e muitos verões, era a Ilha Bela. E tinha também Itassucê. Putz... e Toque-Toque Grande, Toque-Toque Pequeno e Alcatrazes!!
(2) Teoria de Biogeografia de Ilhas, inicialmente desenvolvida para explicar a diversidade de espécies, acabou sendo muito utilizada para ambientes fragmentados (que são as matinhas que sobraram e a gente vê por aí); mas aí logo acabo pensando em isolamento geográfico e processos de especiação e Teoria da Evolução e acabo nele... Wallace, meu naturalista preferido!
(3) ainda devido a essa fixação, há uns anos atrás acabei prometendo pra mim mesma que meus filhos iriam ter nomes de ilhas, e ainda queria ter um monte pra poder homenagear várias.
(4) e a mais recente... não foi intencional (mas pode ter sido inconsciente)... me mudei pra uma delas, e uma bem grande!
(2) Teoria de Biogeografia de Ilhas, inicialmente desenvolvida para explicar a diversidade de espécies, acabou sendo muito utilizada para ambientes fragmentados (que são as matinhas que sobraram e a gente vê por aí); mas aí logo acabo pensando em isolamento geográfico e processos de especiação e Teoria da Evolução e acabo nele... Wallace, meu naturalista preferido!
(3) ainda devido a essa fixação, há uns anos atrás acabei prometendo pra mim mesma que meus filhos iriam ter nomes de ilhas, e ainda queria ter um monte pra poder homenagear várias.
(4) e a mais recente... não foi intencional (mas pode ter sido inconsciente)... me mudei pra uma delas, e uma bem grande!
Assinar:
Postagens (Atom)