terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Bóia

Todo mundo está indo pro Brasil nesse época. Está certo, a maioria passou um ano inteiro aqui e merece mesmo. Eu acabei de chegar, não posso dizer que já estou morrendo de saudades... mas é muito estranho. Parece que existem 2 universos: o meu e o das pessoas que estão ou estarão lá. O nosso calendário é o mesmo. Mas sinto que o tempo vai ter outra escala; os valores e significados das datas festivas vão ser diferentes; os climas são opostos que não se atraem. O mais estranho mesmo é saber que quem está aqui ficará lembrando, quem está aí vai estar esquecendo.

E minha cabeça vai adquirindo aos poucos a real noção de distância do Hemisfério Sul. Porquê antes eu não tinha noção, era só pegar um avião, arranjar alguma coisa pra pensar naquelas horas de vôo e fácil assim eu já estava na Europa! Aí era aproveitar até ter que voltar pro país tropical! Agora a distância está se tornando uma coisa quase palpável. Mas ela não é fixa e isso está me incomodando...

Me imagino numa daquelas bóias de piscina, não uma bóia qualquer... uma bem kitsch com formato de ilha, com um coqueiro inflável e um buraquinho pra colocar o copo de bebida. E aí eu fico boiando nessa coisa feita exclusivamente pra clima tropical, de biquíni e óculos escuros, largada. A bóia vai e vêm, mas o máximo que ela vai é até Portugal mais ou menos, aí ela volta... vai rodando, e vai sendo levada mais pro norte, opa, volta, aí volta e fica virando, sendo levada pelo balanço da água mas não por nenhuma corrente marítma mais forte - não, ela ainda não vai atravessar o Atlântico.

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